A sétima arte do outro lado do Atlântico!
Por: Rafael Pascuim
Jornalista
Pense naquele filme que te emocionou, aquele que tirou suspiros e lhe arrancou lágrimas. Pensou? Agora procure saber a origem dele, com certeza é americano. Não que seja ruim, longe disso, mas de certa forma somos “obrigados” a assisti-los por imposições mercadológicas. Bem, mas não é disso que quero falar, ou melhor, acho que acaba envolvendo. O que quero dizer é como estou apaixonado por cinema europeu! Descobri a pouco, entre os canais da TV a cabo, o Eurochannel. Até então pra mim um canal sem expressão ou atrativos, é que aquele olhar diferenciado ainda não havia sido despertado.
Como tem coisa boa lá! De filmes a séries, as produções européias são de fazer inveja a qualquer estúdio americano. Mas eles têm um toque diferente dos filmes da terra do Tio Sam. Eles te obrigam a pensar. São histórias que no primeiro momento, parecem “sem noção”, mas que no final tem exatamente tudo a ver. Hoje mesmo assisti um desses. Confesso que até o final não entendi nada, só depois que vim pra net pesquisar um pouco, que tudo se encaixou. Trata-se de um filme francês do ano de 2003, Les Beaux Jours (faça biquinho pra falar), em português, Dias Felizes. O filme, que se passa na década de 30, mostra a euforia de duas operárias se preparando com seus namorados para as tão sonhadas férias. Mas quando estas têm início os namorados desistem de ir para o litoral como estava combinado (Calma, não é Brokeback Mountain). Com medo de serem demitidos continuam trabalhando. Daí a dúvida, porque eles resolveram ficar? Deixar de lado dias de descanso a beira mar? É que até 1936, os trabalhadores franceses não tinham direito a férias remuneradas, daí o medo de saírem para o descanso de um mês e na volta ficarem sem emprego. Demonstrando aquele perfil forte das francesas, as namoradas partem sem eles. Chegando à praia conhecem um fotógrafo e a partir daí... Vocês têm que assistir pra ver o que acontece! Mas além dos filmes, o Eurochannel oferece várias séries. Algumas são verdadeiras aulas de história. Como uma mostrada na semana passada, sobre a Revolução Francesa.
Mas também tem outras, muito engraçadas, como a Melting Pot Cafe, série belga que se passa em um café (Por favor, não compare com Friends!). Ela mostra a indecisão de um jovem entre passar uma temporada na África ou assumir a direção do café junto com a mãe e a avó. O melhor é a trilha sonora (você pode achar meio brega) de Salvatore Adamo, italiano, mas que interpreta músicas em francês, que fez um grande sucesso na década de 60/70, e que no Brasil ficou conhecido pela música Comme Femme minha mãe tem um disco dele, hahaha. Se você quiser ouvir uma das principais, que esta na série, acesse: http://br.youtube.com/watch?v=K-DKXuWuoYM
Voltando aquele exame de pensamento do início, lembre agora de algum filme europeu que você tenha visto nos últimos anos. Com certeza não vai se lembrar, porém não sabe o que esta perdendo. No próximo post falo do holandês, La Bella Bettien, por sinal, ótimo também.
É bacana ver jovens se interessando pelo bom cinema europeu. Ao contrário do cinema americano, o europeu, moderno ou clássico, segue uma linha existencial e intimista. Exatamente, nos faz pensar. Já que você gostou, existem diretores imperdíveis, como o mestre Frederico Fellini que dirigiu um dos melhores filmes que já assisti, Armacord (dizem que é meio autobiográfico, ele revê sua vida familiar, e é um filme sensível, irônico, poético e italianamente alegre). Indico, aos que querem conhecer os mais talentosos, o sueco Ingmar Bergman (genial, controvertido), o espanhol Luís Buñuel (O discreto charme da burguesia), os italianos Roberto Rossellini, Luchino Visconti e o meu preferido Fellini. Atualmente, há o ótimo Pedro Almodóvar (espanhol), e por aí vai. Devo ter esquecido ótimos nomes.
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